(imagem do Google)
Artigo muito interessante, mas infelizmente muito verdadeiro e cada vez mais presente no dia a dia de muitas famílias, e em particular na vida de muitas crianças e adolescentes. A depressão é mesmo a doença mental mais frequente, e estima-se que afete milhões de pessoas em todo o Mundo.
Uma em cada quarenta crianças sofre de depressão, e se formos para a adolescência, estima-se que será uma em cada dez adolescentes.
Não será propriamente de estranhar que um jovem esteja triste, aqui e ali, com ou sem razão aparente para tal. Faz parte da vida a existência de ciclos e fases melhores e outras menos boas. Reagir com tristeza a acontecimentos desagradáveis é mesmo saudável e por vezes até desejável. Não será descabido de todo, dizer que um jovem ou uma criança que nunca fique triste, não será normal.
Agora a verdadeira depressão, aquela situação em que a jovem se sente inferiorizada em relação ás outras, e que se sente rejeitada, em que se sente posta de lado, muitas vezes com sentimentos de culpa difíceis de explicar e de gerir é um situação de extrema gravidade e preocupação para todos os educadores.
Estas situações graves pode interferir com o dia a dia da criança ou da jovem, podendo por isso levar a uma incapacidade de lidar com a situação, de comer ou mesmo de dormir. Não é descabido que surjam graves situações de insónias e de distúrbios alimentares.
Muito mais há, e haveria a dizer sobre este assunto .......
artigo do Jornal I, de 7 de Janeiro de 2014
Uma em cada quarenta crianças sofre de depressão, e se formos para a adolescência, estima-se que será uma em cada dez adolescentes.
Não será propriamente de estranhar que um jovem esteja triste, aqui e ali, com ou sem razão aparente para tal. Faz parte da vida a existência de ciclos e fases melhores e outras menos boas. Reagir com tristeza a acontecimentos desagradáveis é mesmo saudável e por vezes até desejável. Não será descabido de todo, dizer que um jovem ou uma criança que nunca fique triste, não será normal.
Agora a verdadeira depressão, aquela situação em que a jovem se sente inferiorizada em relação ás outras, e que se sente rejeitada, em que se sente posta de lado, muitas vezes com sentimentos de culpa difíceis de explicar e de gerir é um situação de extrema gravidade e preocupação para todos os educadores.
Estas situações graves pode interferir com o dia a dia da criança ou da jovem, podendo por isso levar a uma incapacidade de lidar com a situação, de comer ou mesmo de dormir. Não é descabido que surjam graves situações de insónias e de distúrbios alimentares.
Muito mais há, e haveria a dizer sobre este assunto .......
artigo do Jornal I, de 7 de Janeiro de 2014
"A crise, o desemprego dos pais, o stresse e a pressão de ser melhor são
algumas das razões apontadas pelos especialistas para o aumento de casos. Cabe
aos pais ajudar a ultrapassar.
António nunca acreditou em depressões, muito menos em crianças. Por
isso, quando o filho de 15 anos começou a trancar-se no quarto depois de a
namorada o ter deixado, reagiu mal. Um mês depois, quando Bruno deixou de ir à
escola e de aparecer nos treinos de futebol, António decidiu adoptar uma
postura ainda mais agressiva. Sem resultados: o filho parecia não se importar
com nada. Uma tarde, a seguir a uma discussão, Bruno tomou uma caixa inteira de
comprimidos e acabou internado no hospital. A seguir foi-lhe diagnosticada uma
depressão.
Há cada vez mais crianças e adolescentes deprimidos nos consultórios
dos pedopsiquiatras e psicólogos infantis e nos hospitais. Além de estar a
aumentar nestas faixas etárias, a depressão manifesta-se cada vez cedo. “Se há
uns anos os primeiros sintomas começavam a surgir geralmente na
pré-adolescência, hoje atingem crianças com três, quatro anos”, confirma a
psicóloga infantil Rita Jonet.
A culpa, acreditam os especialistas com quem o i falou, é sobretudo do
clima económico e das dificuldades que as famílias atravessam. “O desemprego e
os problemas dos pais levam a quadros de depressão e ansiedade nos jovens e
isso tem-se reflectido nas consultas, quer no consultório quer no hospital”,
admite o psiquiatra Daniel Sampaio, que trabalha com adolescentes.
O presidente da Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do
Adolescente sublinha que, mesmo sendo muito pequenas, as crianças apercebem-se
dos dramas domésticos. “Há famílias em que pai e mãe estão desempregados e não
têm dinheiro, sequer, para comprar os livros escolares”, exemplifica Bilhota
Xavier. Rita Jonet acrescenta que os filhos são “esponjas” que absorvem o
ambiente que encontram em casa: “Pais extremamente ansiosos, preocupados,
pessimistas e angustiados em relação ao futuro passam esses estados de espírito
para os filhos”.
O pediatra Mário Cordeiro avisa, por outro lado, que os pais – com
determinadas conversas – contribuem para o mal-estar dos filhos: “Por vezes
damos uma perspectiva da vida adulta muito negra, como se fosse um corredor da
morte e houvesse um determinismo de impostos, corrupção e cortes, quando a vida
de adulto tem preocupações, mas também momentos felizes e deve significar, para
as crianças, ser mais livre e ter mais autonomia.”
Nem só a crise explica o aumento de casos de depressão na infância e na
adolescência. Bilhota Xavier realça a “grande pressão” que é colocada em cima
das crianças, desde cedo, para que sejam competitivas e obtenham bons
resultados – na escola e nas actividades em que participam: “As famílias
conhecem as dificuldades que existem no mercado de trabalho e os números do
desemprego jovem. Por isso, muitos pais colocam demasiada pressão nos filhos
para que consigam tirar médias mais altas e serem sempre os melhores, de maneira
garantir um bom futuro”.
O stresse é, por outro lado, cada vez mais uma característica presente
na vida das crianças. Alguns pais, sublinha Rita Jonet, exageram no número de
actividades que proporcionam aos filhos. Por excesso de zelo e por desejarem
que tenham uma vida boa. Entre ténis, aulas de ballet e de natação, as crianças
são obrigadas a entrar numa correria diária, stressante e desenfreada, deixando
de ter tempo para serem crianças. “Para estarem sozinhas e se
auto-estimularem”. Além disso, falta silêncio na educação de hoje. “Entre a
televisão e o tablet, os mais novos não aprendem a estar em silêncio.
Habituam-se a receber constantemente estímulos exteriores e, quando não os
recebem, sentem um vazio com o qual não conseguem lidar”, explica a psicóloga
infantil. Os divórcios mal resolvidos e situações de violência doméstica – que
as estatísticas mostram estar a aumentar – são outras causas apontadas pelos
especialistas para o aumento das depressões em jovens e crianças. Em famílias
estruturadas, e nos casos em que os pais até têm emprego, o problema é outro: a
falta de tempo para estar, em pleno, com os filhos. “Sem ter a cabeça cheia de
coisas que aconteceram no trabalho e ouvindo o que eles têm para dizer”,
defende Rita Jonet. Daniel Sampaio sublinha que é um mito que os adolescentes
não queiram falar com os pais. Por isso, ter tempo para a vida em família é
fundamental.
O meu filho está deprimido? Há sinais a que os pais devem estar
atentos. Na adolescência, a tristeza constante e prolongada não deve ser
encarada com ligeireza. Sobretudo se for acompanhada por sinais somáticos –
como excesso de peso ou magreza extrema, insónias, isolamento dos amigos e das
amizades virtuais, ausência de comunicação, perda de interesse por actividades
que antes eram importantes, desinteresse por tudo, quebra no rendimento
escolar. E eventuais tentativas de suicídio nunca devem entendidas como meras
chamadas de atenção. “Quando um adolescente fala em suicídio deve ser levado a
sério”, avisa Daniel Sampaio.
No caso das crianças, é mais difícil descortinar os sintomas de
depressão. “Porque cada criança reage à sua maneira e há até crianças que
manifestam a depressão através da euforia e da alegria e actividade
exageradas”, explica Rita Jonet. Umas podem deixar de comer, outras de brincar.
Mas o principal sinal de alerta é sempre uma mudança brusca de comportamento.
Independentemente das idades em causa, os pais devem procurar comunicar e
compreender os filhos. Sem serem demasiado permissivos, mas sem adoptar um tom
paternalista ou rígido. “A melhor maneira de ajudar é ouvir com atenção e, a
partir daí, mostrar que é possível encontrar uma alternativa”, aconselha Daniel
Sampaio.
Um ano depois da tentativa
de suicídio, Bruno continua a ser seguido por um pedopsiquiatra e está a
reaprender a gostar de viver. O pai, António, também teve de fazer um conjunto
de aprendizagens: “Compreendi que a depressão é realmente uma doença. E hoje
admito que talvez tenha sido demasiado duro com ele em alguns momentos. Não era
só um coração partido”."
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