Carta Aberta a todos
os estudantes da Universidade Aberta
Caros colega,
Foi decidido, e aprovado pelo Conselho de
Gestão e Conselho Geral da nossa universidade, em reunião dos passados dias 22
de fevereiro e 18 de março de 2016, respetivamente, o aumento brutal da tabela
de propinas, emolumentos e taxas para o próximo ano letivo. (1)
Os números têm alguns pressupostos
muito pouco realistas. Ora vejam: o acréscimo nas receitas próprias (propinas, taxas,
emolumentos e outras receitas escolares), é justificado pelo Conselho
de Gestão com o aumento do valor das mesmas e com o aumento do número de novos estudantes. Do lado da despesa, temos um acréscimo da rubrica de
aquisição de bens e serviços e das despesas de
pessoal.
Pretende-se ainda operacionalizar medidas para a cobrança de dívidas dos
estudantes, decerto uma medida necessária, mas não seria mais sensato tentar perceber
o que levou esses mesmos estudantes a deixar de estudar e deixar de conseguir
pagar as propinas? Ou a UAb será mais um organismo a penhorar vencimentos,
subsídios e a nossa casa de família, e em que tudo vale para encobrir um Orçamento elaborado com pressupostos no mínimo estranhos?
Uma frase que não é minha, mas está muito interessante e que merece a nossa atenção: “Devemos
contudo advertir que frequentemente os acontecimentos futuros não ocorrem de
forma esperada, pelo que os resultados reais poderão vir a ser diferentes dos
previstos e as variações poderão ser materialmente relevantes”. Pois, se a
receita não for a esperada podemos vir a ter um balanço desequilibrado com
implicações no resultado líquido e consequências graves para a Universidade
Aberta.
Estranho, não Vos parece? Então,
pressupõe-se que com o aumento das propinas, vai haver aumento do número de
novos estudantes! Completamente irrealista e de dedução errada. Do lado da
despesa, seria interessante perceber que investimentos se está a pensar fazer e
também qual a justificação para um aumento tão elevado da rubrica de despesas
de pessoal.
Mais importante que números, é
importante frisar que se trata de um atentado ao nosso direito a estudar, de
uma atroz injustiça para todos os que já fazem um esforço enorme para pagar as
propinas na Universidade Aberta.
O Governo de Portugal tem feito
uma aposta séria na qualificação dos seus Cidadãos, e aqui em particular do
Cidadão adulto. A aprendizagem ao longo da vida é uma aposta mundial, que
deveria merecer uma maior atenção por parte da UAb e dos seus órgãos de gestão.
Esta é a universidade que tem todas as condições para ser a base e o alicerce
da formação de adultos, e também por ter a liderança no ensino à distância.
Será este o caminho acertado para
a UAb? O Governo português tem dado indicações, orientações para que as
universidades portuguesas mantenham o valor das propinas ou mesmo o reduzam, se
tal for possível. Parece-me que estamos no caminho inverso e errado, quem sabe
a caminhar para um abismo difícil de voltar atrás.
Da minha parte lutarei com todos
os meios ao meu alcance para que estas informações cheguem a quem representa os
Cidadãos portugueses na Assembleia da República, e dar todos os meios para que
os deputados nacionais (independentemente do seu partido) possam exercer o seu
direito e nos defender. Haja quem nos defenda.
Portanto, digo-vos que da minha
parte ainda existe muito para andar até ao fim deste processo.
Portimão, 12 de Abril de 2016
João Bárbara
Aluno nº 1401515 – curso de
Educação
Carta enviada nesta data para a Comissão de Educação da Assembleia de República, nomeadamente para o seu presidente e vice-presidentes, assim como representantes de todos os grupos parlamentares com assento na referida assembleia.
(1) disponível para consulta em http://www.uab.pt/c/document_library/get_file?uuid=f19f941e-2d75-48ef-a359-beb41c214117&groupId=10136
Comentários
Álvaro Sarmento Afonso
P.S. Presumo que o meu comentário será aprovado pelo autor do blogue.
Quanto às inverdades, não vale a pena perder tempo com isso.
Só existe uma verdade, os custos vão aumentar e isso é verdadeiramente ofensivo para com os estudantes.
Nada mais importa, o resto é para desviar a atenção do que é importante.
João Bárbara