modalidade mais cara? mais difícil de obter bons resultados?
maior exigência parte do nadador? Também, mas não só.
As Águas Abertas têm muito menos nadadores filiados, menos
clubes a divulgar e impulsionar a modalidade, menos impacto e visibilidade e
muito menos investimento por parte dos clubes, associações e federação.
Agora o que é preciso fazer é divulgar, impulsionar, obter
apoios e mostrar que as AA podem ter o mesmo, ou ainda maior impacto e visibilidade
por parte dos possíveis patrocinadores.
É praticada em águas abertas, em mar aberto, com maior
público e visibilidade, com a possibilidade de imagens e vídeo deslumbrantes, apenas
falta a vontade de dar a volta, de dar mais a uma modalidade de merece mais e
maior apoio de todos.
Vejamos um pouco de o que são, e como começaram as Águas
Abertas.
As Águas Abertas remontam aos primórdios da natação, muito
antes das primeiras piscinas. Com os finais do século XIX, a aceitação por esta
modalidade foi elevada, até porque as competições que existiam de natação, eram
feitas em espaços naturais. As piscinas existentes eram limitadas e de difícil
acesso ao comum cidadão.
Nesta fase, as disputas, os feitos ou as tentativas de alcáçar
objetivos, que por vezes pareciam impossíveis, eram constantes. Era habitual
ver os meios de comunicação social da época a disputarem a melhor, a mais difícil,
a disputa que lhes daria mais notoriedade e visibilidade. Quanto mais intransponível
parecesse o obstáculo, o objetivo, mais audiência tinha. As multidões juntavam-se
para assistirem a essas disputas, onde muitas vezes estava em causa a própria
honra do homem, caso o cumprimento da mesma não fosse concluído com sucesso.
Aqui está a tal visibilidade que as Águas Abertas podem dar
a um promotor, a um patrocinador e à própria modalidade.
O declínio da modalidade de Águas Abertas começou com o
aparecimento de inúmeras piscinas, o crescimento da Natação Pura. Mas não terá sido
só por isso que as Águas Abertas perderam força, muito pela força da poluição
nos recursos naturais existentes, ainda hoje temos esse grave problema.
Agora o que são verdadeiramente as Águas Abertas.
Desde logo, neste momento, separa-se o que são as Águas
Abertas, com menos e com mais de 10km. Internacionalmente, nada-se os 5km, 10km
e 25km, quer para homens como mulheres. Ainda temos as ultramaratonas, com
50km. Depois, é ver as infindáveis variantes de travessias e provas com mais ou
menos distância.
A Travessia do Canal da Mancha é ambicionada por muitos, que
desafiam o frio e os obstáculos da travessia, mas onde apenas um número
reduzido o que consegue fazer – recentemente uma equipa inglesa conclui a
tripla travessia do Canal da Mancha. Os chamados Rei e Rainha do Canal, também
são ingleses, Alison Streeler que mora lá mesmo,
em Dover, e já cruzou o Canal em 43 vezes. O Rei do Canal é outro britânico,
Kevin Murphy, que cruzou 34 vezes.
É preciso pensarmos em conjunto da razão porque em Portugal ainda
existe pouca divulgação desta modalidade. Não que o trabalho efetuado, e em
curso, em especial neste mandato da FPN, não esteja a ser positivo. Os praticantes,
os clubes aderentes, as provas aumentaram. Já é possível ver um Circuito
Nacional, onde as provas concorrentes são superiores às possíveis, mas ainda
pouco distribuídas pelas regiões, com uma concentração assim para o desproporcional.
Vamos ter logo nos primeiros dias de 2019, o primeiro Encontro
Nacional Águas Abertas para o Jovem Nadador. Passo importante para a
consolidação e crescimento da modalidade. Aqui, até por ser o primeiro encontro,
todas as associações deveriam ter o direito de ter nadadores dos seus clubes
associados a participar – era importante, algo tipo quota mínima para cada
associação. Não seria retirar os convocados pelos critérios definidos, mas sim
acrescentar.
As provas existentes em Portugal ainda são limitadas, por
vezes demasiado dispendiosas, quer para as organizações, como para os
participantes, para serem possíveis. Se analisarmos as associações distritais,
ou territoriais, que apostam nas Águas Abertas, percebemos a razão de haver
poucos praticantes nessas regiões. Não é só onde, mas também em quem aposta e
trabalha esta modalidade. Daí não ser estranho haver trabalho em zonas
interiores do nosso país, e menos em zonas litorais, onde pela sua localização
seria mais normal assistir-se a um crescimento da modalidade. Basta vermos onde
estão, e onde ainda não estão, os nadadores de Águas Abertas em Portugal.
Portugal começou a sua participação internacional nas Águas
Abertas, nos Jogos Olímpicos de Verão de 2008, em Pequim, com dois nadadores,
Arseny Lvrentyey (SAD) e Daniela Inácio (CFB). A partir daqui, tem participado
regulamente com nadadores masculinos e femininos.
Dentro de portas, temos algumas provas e circuitos que se destacam,
pela sua antiguidade e organização. Um bom exemplo disso, é o Circuito de Mar
do Algarve, que já vai na sua 26ª edição, embora a prova da Praia da Rocha seja
a mais antiga do circuito, com a sua 29ª edição no ano de 2018. Porque não um circuito mais alargado, e não apenas em agosto? será possível, e haverá vontade e adesão para isso?
Também Lisboa recebeu durante muitos anos, a mítica prova da
Travessia do Tejo. Hoje, num contexto diferente, em que o próprio rio tem
limitações de correntes e de poluição. Este é atualmente um dos problemas
maiores para as Águas Abertas, a poluição das águas de rios e barragens, que
muitas vezes não permite a realização das provas.
Pelas ilhas também existem muitas provas e travessias, um bom exemplo disso são as travessias entre ilhas nos Açores. Também a Madeira trabalha o ano todo, tendo inclusivé um circuito próprio de Águas Abertas.
A nível internacional, assiste-se a um crescimento
exponencial das Águas Abertas, principalmente nos países com maior relevo na
modalidade: Brasil, Austrália e países europeus mediterrânicos. Neste momento,
nos países onde a aposta e investimento existe realmente, os números e resultados
aparecem.
Quem acompanha as provas internacionais de Águas Abertas,
regularmente assiste a um número exponencial de nadadores desses mesmo países. E
não falo apenas em nadadores consolidados e com um elevado nível desportivo,
mas também nas camadas jovens e de formação desses mesmos países.
Falta apoios da sociedade, falta fundos disponíveis para trabalhar mais
e melhor as Águas Abertas em Portugal.
Mas o futuro pode ser risonho, basta
algo mudar, basta haver mais empenho de todos os agentes desportivos e da sociedade em geral.
Ficou a minha opinião pessoal e um Bom ano 2019 para todos!
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